"""Consuelo me olhava sempre com admiração. Às vezes eu ficava encabulado. Acho que não merecia tanto, eu um buscador de antigualhas e de restos e de sociedades desaparecidas. Perguntei-lhe um dia com um certo ceticismo: ""Por que pareces que me amastanto?"" Ela respondeu-me: ""Eu te amo, porque tu es tu"". Não havia outra explicação. Aí está. O amor, outro mistério dessa insondável existência. Veio-me ao espírito a frase de São Bernardo: ""O amor e por si mesmo sua própria recompensa"". Melhor assim, parque eu não saberia como recompensar Consuelo, a não ser por alguns momentos de prazer passados juntos, furtivos momentos. Não via futuro nessa relação, fui feito para a solidão dos hotéis dos desconhecidos. Consuelo não saberia conviver com as baratas e percevejos nem com os morcegos das cavernas em que eu me enfurnava muitas vezes. Tudo era incerto."