O propósito desse livro é interrogar a diferença no 'Sofista' de Platão. O autor sustenta que o gênero do outro deve ser compreendido como forma inteligível e a alteridade está estruturalmente presente ao longo de todo o diálogo. Os múltiplos aspectos e planos de significação do outro constituem uma figura complexa da diferença. Borges, num momento nietzschiano, diz que pensar é esquecer as diferenças. Ele tem razão se compreendermos o pensar como mera abstração. Mas engana-se quando se trata de Platão. Pensar, para Platão, significa partir do singular, que é atravessado por limitações e contradições, e avançar na direção da construção de uma rede dinâmica de diferenças e identidades que permitam vislumbrar cada vez mais inteligibilidade e, eventualmente, alguma transformação.