Esses 'anos errantes' foram os que Serge Moscovici viveu, de sua infância romena até a primeira noite parisiense de 1948, quando chegou ao abrigo para imigrantes da rua Lamarck. Anos por muito tempo escondidos no fundo da memória, por terem sido dolorosos demais. Às vezes, luminosos demais também, talvez para que a saudade fosse suportável. O divórcio dos pais, a infância agitada, as primeiras emoções no ambiente sufocante das planícies de trigo da Bessarábia. A rigidez dos uniformes do liceu. E depois o frio, a fome, o trabalho forçado, o medo na Bucareste entregue ao fascismo e ao ódio racial. A revolta contra a injustiça e também a amizade, séria e exclusiva, entre cinco garotos - entre eles Isidore Isou - que tinham nada menos que o mundo por horizonte e o gênio por ambição. Finalmente, a volta da paz, as viagens de iniciação através da Europa e o exílio, que terminaram na Cidade prometida, Paris. Há nesta autobiografia um encanto viscontiano. Com a gênese de um método e de um pensamento reconhecidos como magistrais.