O presente texto analisa a inserção do bacharel na estrutura social brasileira durante os períodos colonial, imperial e republicano, e avalia seu papel político para, a partir daí, avaliar a dimensão cultural do bacharel tomado enquanto realidade histórica e enquanto símbolo. Estudarei a inserção do bacharel no panorama cultural, social e político brasileiro, em um período que vai da América Portuguesa à década de 1930. Meu objetivo é estudar as funções por ele desempenhadas e as transformações sofridas por estas funções, bem como as críticas ao bacharelismo formuladas por diversos autores, em um percurso que vai de Gregório de Matos a Oliveira Vianna, para tomar como exemplos autores que se situam no ponto de partida e no ponto de chegada da análise. Estudarei, ainda, o percurso histórico do advogado enquanto profissional neste período no qual as elites políticas e culturais brasileiras foram marcadas pela participação do bacharel em direito e não podem, inclusive, ser compreendidas sem esta participação. Além de estudar a participação do advogado nestas esferas, estudarei, especificamente, as características e fatores básicos que moldaram o exercício da profissão neste percurso histórico. Estudarei, por fim, os diferentes sentidos do termo bacharelismo e, ainda, os diferentes sentidos de um antibacharelismo que se manifestou já no período colonial, associando tal estudo à análise da trajetória histórica do bacharel brasileiro. E se encerro este percurso na década de 1930, é porque foi durante o regime Vargas que o antibacharelismo ganhou sua mais plena dimensão política, transformando-se em um dos fundamentos do discurso autoritário vigente na época, perdendo sentido a partir daí com a diversificação do ensino universitário que_ ao transformar o ensino jurídico em apenas mais um curso entre outros, levou ao relativo esvaziamento do discurso antibacharelesco.