florações de cianobactérias produtoras de saxitoxinas (stxs), como a cylindrospermopsis raciborskii, tem se tornado um grave problema ambiental no brasil, pois a espécie já é dominante em alguns reservatórios de abastecimento público. as stxs são neurotoxinas que atuam bloqueando os canais de sódio (na+) dos neurônios, o que pode levar à morte por parada respiratória. entretanto, a bioacumulação deste tipo de substância na cadeia trófica e seus efeitos ecotoxicológicos, principalmente na água doce, ainda não estão totalmente esclarecidos. neste trabalho objetivou-se elucidar os efeitos tóxicos e a bioacumulação de stxs no peixe dulcícola hoplias malabaricus através de bioensaio com exposição trófica (0,08 µg/100 g de equivalentes de stx – stxeq obtido através da lise celular de c. raciborskii) utilizando exemplares de astyanax sp. como veículo por 20 dias, com alimentação a cada 5 dias. os cérebros dos animais foram avaliados através dos biomarcadores de contaminação ambiental: atividade específica da acetilcolinesterase (ache), superóxido dismutase (sod), catalase (cat), glutationa s-transferase (gst) e glutationa peroxidase (gpx). a concentração da glutationa (gsh), lipoperoxidação (lpo), carbonilação de proteína (pco) e danos genotóxicos (ensaio cometa) também foram analisados. o músculo foi coletado para análise química de stxs. estabeleceu-se ainda um protocolo de cultivo primário de neurônios de h. malabaricus para possibilitar a avaliação das neurotoxinas diretamente na célula alvo. em seguida, as células cultivadas foram expostas em meio de cultivo contendo extrato de stxs a 3 µg/l (valor tolerável no brasil de equivalentes de stxeq na água de abastecimento público) e 0,3 µg/l por 24h. o bioensaio in vivo sugeriu a geração de espécies reativas de oxigênio, com aumento da atividade específica da sod e das concentrações de lpo e pco, enquanto as atividades específicas da cat, gst e gpx diminuíram, o que pode ter levado ao estresse oxidativo e aos danos genot