Há quem diga que diga artistas são uma espécie de antena de raça. E são mesmo - por sua capacidade de antever, enxergar muito antes que os simples mortais, graças a sua sensibilidade aguda. E a um dom que os faz ser ouvidos. Kofi Annan, secretário-geral da ONU, passou anos repetindo que, hoje, os problemas centrais da humanidade são mudanças climáticas e padrões insustentáveis de produção e consumo, além da capacidade de reposiçãoda biosfera terrestre. Ficou rouco de tanto falar, poucos o ouviram. A primeira edição deste livro é de 1981. Ele vai para a 25ª edição. As pessoas lêem. Sabem que o autor está falando, há um quarto de século, das mesmas coisas que o secretário-geral da ONU viria tratar muito depois. Mas em 1981, só meia dúzia de cientistas tratava das ameaças que se desenhavam. E neste livro, daquele ano, volta e meia o leitor tem de dizer a si mesmo "É ficção!", para não ser engolido e sufocado pelas realidades de hoje e pelas alegorias que povoam as páginas. É um livro captado por antenas de sensibilidade. Por isso é tão atual, tão lido - fora o estilo que são outros quinhentos.