As memórias de Luiz Roberto Salinas Fortes nos impedem de esquecer os "anos de chumbo" da ditadura militar no Brasil. Dividido em três partes, o livro relata a primeira prisão do autor em 1970, reproduz trechos de um diário de 1959, quando Salinas era estudante de direito, e narra outras duas detenções do escritor em 1974. Em seu posfácio, Antonio Candido destaca: "Muitos passaram pela aventura pavorosa do cárcere e da tortura no regime militar. Alguns relataram a sua experiência, mas poucos o terão feito com a sobriedade de Luiz Roberto, que nem por um instante procura se valorizar, dar-se como exemplo ou vítima". Sem sentimentalismos ou defesas ideológicas, Retrato calado é impactante por revelar, a partir da experiência de um indivíduo, a atmosfera de insegurança e violência desencadeada pela repressão aos opositores do regime militar durante o AI-5.