Encantado! Não há termo melhor para definir o que sentimos ao terminar a leitura de O Gringo da Matinta. O texto nos encanta de todas as formas, e a partir do momento em que os personagens vão entrando em cena o encantamento aumenta. Matinta Pereira, Iara, Elvira, Thor, Loki e outros personagens, onde o folclore popular do Brasil encontra a mitologia universal e as histórias em quadrinhos. Matinta é feia, bruxa e desgrenhada e, em tempos de politicamente correto, por meio de um pacto se transforma em bela e princesa, mas apenas durante o dia e desde que pare de fumar. E à noite, para a alegria de Iara, ela volta ao normal. Numa deliciosa comédia, onde o bem e o mal, a vaidade e a inveja, a cobiça e outras humanidades, transitam pela ponte estreita, à beira de um precipício. Há inúmeras formas de entender essa história, além da critica subliminar (nem tanto) ao preconceito. Aos olhos de uma criança, do Pará ou da Suécia, é lírica é lúdica. Aos olhos de um critico ao sistema global, uma critica ferrenha. E aos olhos de um artista, uma experiência sensorial sui generis. E outras tantas, que vão do encantamento ao espanto e da surpresa ao riso. Neste mundo moderno, onde a tecnologia nos roubou o espaço, o ar e o sonho, a leitura de O Gringo da Matinta é uma aventura deliciosa. E simplesmente encantadora. Luiz Carlos Barata Cichetto.