Eu sou o pó desta terra, eu sou o aço que corta e perfura. Sou um povo forte, sou negro, sou gueto. Um Brasil diáspora, uma grande mistura. Confusa e cafuza. Eu sou um índio, eu sou um nó na madeira, um pedaço de toco. Sou um branco covarde negando a paixão que arde pela carne nativa. Não passo de um caboclo, um neonato, um estigma, um miscigenado. Sou um mulato, um escapo, sou um caule com flores, sou filho de dores. Contemplei os horrores dos falsos senhores, santificando a imundície nos seus bastidores. (Trecho de Cavalo de Tróia)