O leitor acompanha a recuperação de Lala. A possibilidade de novas cirurgias, a dor física e um cotidiano regrado, com terapias, medicamentos e restrições, ainda estão na ordem do dia. Novamente há firmeza cidadã (política!) e informação útil a quem enfrenta os mesmos problemas. Mas o convite é para estar à janela com Lala. Ela está aqui para falar de amores, saudades, esperanças, futuros. Daí porque, embora a forma dos fragmentos varie e somente alguns sejam poemas propriamente ditos, ela chamou o conjunto de livro de poesia: a soma de textos e a vivência que os gerou como "uma poesia viva". Poesia como estado de espírito, como disposição, energia, celebração. Também poderíamos chamá-la de vontade de viver, ou simplesmente de vida. Daí porque em Fragmentos de Vida ela tanto compartilha conosco, leitores, versos e cores de variados artistas: Frida, Picasso, Monet. De U2 a Manoel de Barros. Pessoa. Se o relato é o de alguém que, pela sétima vez, literalmente reaprende a andar, o que transcende isso, e que liga os 15 fragmentos, é a energia de alguém que, para além das demoradas recuperações, quer retomar a vida amorosa e os projetos - em especial a volta ao Rio e a adoção do filho Sergio (ou da filha Vitória), uma gravidez de cinco anos, como ela diz, em bonita imagem. Quer se jogar, viver com intensidade: Vale tudo. Vale amar ávida a vida. E interagir. Nesse sentido, a janela é a poesia. A vontade de se perder, como todo mundo. Mar à vista.