Comemorava a volta de Getúlio Vargas ao poder presidencial, desta vez eleito e carregado “nos braços do povo”. Três anos depois, antes de terminar o seu mandato, o velho presidente se mataria com um tiro no coração. Desde o seu suicídio há cinqüenta anos, em 24 de agosto de 1954, o Brasil já teve 21 presidentes e todos, de uma forma ou de outra, foram e são assombrados pela imagem e legado de Getúlio Vargas. Ele foi o grande organizador de nosso Estado moderno e o coordenador do pacto social que redesenhou o Brasil e a vida dos brasileiros.O texto era o seu roteiro, burilado pelos muitos assessores e secretários particulares, e finalizado pelo estadista até que ele mesmo encontrasse o tom e o espírito exatos, capazes de melhor impressionar os “trabalhadores do Brasil”. De certa forma, Vargas foi uma esfinge moderna, que exigia sempre ser decifrada, mas ainda assim nada garantia não devorar o interlocutor. Personagem gloriosa, trágica e permanente, Getúlio Vargas aparece neste livro, em boa parte, através dele mesmo, em seus pronunciamentos e discursos que ajudam a formar um retrato mais acabado do “Velho”.E conforme o historiador Boris Fausto, “se a eternidade é duvidosa, tanto para os que mandam quanto para o comum dos mortais, a entrada de Getúlio na nossa história, descartados mitos e ódios apagados pelo tempo, realizou-se plenamente.”