"Destas últimas passagens do texto deveria já resultar clara pelo menos uma coisa: que o retorno da religião e do problema da fé não se pode colocar independentemente da história mundana e não se reduz à mera passagem de fases da vida pensada como um modelo sempre igual (toda a gente quando envelhece começa a pensar mais no além e, portanto, em Deus). Todavia, também as ocasiões históricas que suscitam o problema da fé têm um traço em comum com a fisiologia do envelhecimento: tanto num caso como no outro o problema de Deus põe-se em conexão com o encontro de um limite, com o infligir de uma derrota. Acreditávamos poder realizar a justiça sobre a terra, verificamos que não é possível e recorremos à esperança em Deus. A morte pesa sobre nós como eventualidade iniludível, fugimos ao desespero dirigindo-nos a Deus e à sua promessa de acolhimento no reino eterno. Deus só se descobrirá, então, onde se choca com qualquer coisa de radicalmente desagradável?"