O Espírito sopra onde quer; ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem nem para onde vai (Jo 3, 8). O coração de cada cristão é um pequeno mundo em que o Espírito sopra, às vezes suave como a brisa de verão, às vezes imperioso como a tempestade. No começo, podemos não ter consciência da sua atuação no nosso íntimo, mas gradativamente aprendemos a ouvir a sua voz, que soa cada vez mais clara ao ouvido da nossa alma. E, se formos dóceis, se o deixarmos agir sem lhe opor resistências, Ele irá modelando em nós a imagem desse outro Cristo que cada cristão está chamado a ser. O mandamento de Deus, que nos pede a todos que sejamos santos como o nosso Pai celeste é santo, talvez tenha chegado a parecer-nos exigente demais em algum momento. Mas se nos dermos conta de que a santificação não é tanto obra nossa como do Espírito Santo, e de que esse Espírito de Deus é também nosso, porque nos foi dado, saberemos encher-nos de confiança e de vigor para corresponder ao chamamento divino. Com efeito, toda a vida cristã poderia resumir-se nestas palavras: correspondência amorosa ao Espírito Santo. E se o primeiro passo da correspondência é conhecer melhor, este breve volume destina-se a recordar-nos, de maneira singela e clara, as principais noções que todo o cristão deve ter sobre o Espírito Santo e o papel que desempenha na obra da nossa santificação. Descreve os dons do Espírito Santo, infundidos em nós no dia do nosso Batismo, por meio dos quais o Paráclito dirige de maneira eficaz a nossa alma para a união com Deus no Céu. E comenta os frutos que esses dons realizam em todos os que se entregam sem reservas à ação do Espírito. Esta nossa época descentrada tem especial urgência de santos, de almas que se abandonem à ação do Espírito divino e reparem, com a fidelidade e a delicadeza do seu amor, a frieza que toma conta do mundo. O apelo de Deus dirige-se, instantemente, a cada um dos cristãos. Oxalá saibamos também nós ouvir a sua voz.