Quando era estudante em Berlim, perguntei ao professor Peter Szondi: Quando se compara? Qual é a lógica da comparação? O que se pretende com ela? Quais são seus limites?. A resposta que ele deu foi prática, baseada nos exemplos abordados no programa: correta e insuficiente. Eu busquei mais respostas em outros centros, como os das Universidades de Heidelberg, Yale e Konstanz, em bibliotecas e academias de ciência. Também as procurei nos meus alunos e colegas, na minha experiência como professor, tradutor e ensaísta. Este livro é uma resposta às respostas insuficientes, devendo abrir caminho a novas perguntas e outras respostas. A partir de várias escolas básicas da Literatura Comparada (a francesa, a norte-americana, a eslava, a marxista, a hermenêutica), este manual vai além da iluminação recíproca das artes, não fica preso ao âmbito de uma arte apenas, mas retoma criticamente a história da Literatura Comparada por ser a área que mais desenvolveu o debate em torno dos problemas metodológicos da comparação. Enfrenta a questão da qualidade estética, pois a comparação serve, sobretudo, para diferenciar obras entre si tanto em sua natureza quanto em seu valor artístico. Rompe tanto com a visão fechada de cada arte em si quanto com o fechamento da arte no âmbito do Estado e da nação. Questiona os cânones e o nacionalismo nas artes, desconstrói pressupostos correntes no ensino e na pesquisa.