Antes de escrever Ficções e O Aleph, Borges trabalhou como jornalista e publicou as biografias infames nas páginas do jornal Crítica, de Buenos Aires, que introduziu um jornalismo moderno na Argentina, aberto ao sensacionalismo do Cidadão Kane e à participação dos grandes escritores do momento. Dividindo suas histórias com manchetes, entregando-se ao prazer intenso de imaginar crimes violentos, Borges inventa novas versões de casos de infâmia, alguns famosos, outros desconhecidos. Cria um estilo, de enumerações heterogêneas e tom sensacionalista. Borges, já conhecido nos anos 20 como grande poeta e ensaísta, descobre sua vocação de contista. História universal da infâmia, publicado em 1935, foi durante anos um livro quase secreto, embora um dos contos, Homens da esquina rosada, ficasse famoso pela evocação dos compadritos, os criminosos pitorescos dos bairros de Buenos Aires.