O presente trabalho tem como finalidade compreender as transmissões de grandes propriedades no sul do Brasil durante o século XIX e os conflitos decorrentes das disputas de posses nas famílias latifundiárias. Temos como objeto de estudo três famílias pertencentes aos Campos de Cima da Serra e Planalto Catarinense. Nosso objetivo principal é analisar os modos como se desenrolavam as partilhas de heranças e se as transmissões patrimoniais estariam sujeitas a conflitos envolvendo títulos de propriedades e posses de terras. Evidenciamos as estruturas e organizações familiares e buscamos entender quais as estratégias desenvolvidas no interior dos grupos parentais para preservar seus patrimônios, onde estavam concentradas as riquezas desses estancieiros e qual a importância das atividades pecuaristas para as suas fazendas. Destacamos a importância do gado para as fazendas do período, aliado ao trabalho escravo e à correta administração das propriedades. Nossos estudos indicaram que a manutenção de boas relações familiares entre os membros dos grupos parentais auxiliava no processo de cuidados com os patrimônios quando eram inventariados. Assim, quando as famílias se mantinham unidas diante de relações amistosas de cooperação pelo bem comum havia maiores possibilidades de que a herança não sofresse perdas desastrosas no momento da partilha. No entanto, as rivalidades entre herdeiros, assim como seus desentendimentos e disputas por propriedades, poderiam resultar em defasagens significativas do patrimônio inventariado. Nosso recorte regional abrange os atuais municípios de Vacaria-RS, Lages-SC e São José dos Ausentes-RS, referentes às famílias de José Joaquim Ferreira, Antônio Manoel Velho e Laureano José Ramos.