Cosmos e Casas é o livro de estreia de uma poeta que pressentimos vir de há muito constelando vozes, e que logo de entrada, sendo que amor e palavra alinham distâncias, assume o ofício de fiar versos para constituir e cruzar corpos, para correr riscos, para descobrir (mas não colonizar) o eu, para ligar e se alterar. Daí também, desde o início, a assunção da aventura do amor, desafio e metamorfose no outro pela palavra, a reivindicação e dádiva de uma encarnação: sou teu corpo / dito / génese. Transmutando-se, prossegue-se pela aliteração e pela invenção das imagens, por guinadas de sintaxe e dobras de morfologia (por exemplo adjetivos a agirem como verbos). As associações não surgem meramente por contiguidade mas por ondulações e feixes, procurando ramificados desenhos, mais amplos e melhores prolongamentos, a desfazer convenções e espartilhos, a pretender uma compreensão do cosmos à margem da discriminação do logos: Em vez de ciência crua quero tratados alquímicos pura magia (...)