Divina Dama é uma favela imaginária, que também pode ser qualquer comunidade real, onde vivem diversas categorias de excluídos da nação brasileira. Este romance nela encenado deleta ironicamente a formatação romanesca tradicional. Estilhaça-se em vários textos curtos, que compõem um hipertexto, cada qual narrado por seus respectivos protagonistas. Os atuantes se unem e se separam em situações emergenciais, num mundo de calamidade pública, cujo signo é a drogalização da sociedade. A narradora edita a história na condição de entrevistadora em off, deixando que todos falem, para depois articular as falas numa nova janela de informações. Por outro lado, e tal como se lê no calidoscópio dos vitrais religiosos que reproduzem lendas canônicas, só resta à narradora a Ilusão, ou seja, eleger alguns personagens para ingressar no mundo da utopia, onde lutam em desespero as pulsões de vida e as de morte.