Não são poucos os pensadores que, no limiar da modernidade, se veem confrontados com o problema do tédio e da melancolia. Em A forma e o sentimento do mundo: jogo, humor e arte de viver na filosofia do século XVIII, Márcio Suzuki, professor da Universidade de São Paulo, procura reconstituir a maneira pela qual alguns desses pensadores enfrentaram a questão. Autores como Francis Hutcheson, David Hume, Adam Smith, Adam Ferguson, Immanuel Kant, Laurence Sterne e outros deram novo valor e sentido a atividades como a conversa, o jogo, a caça, e todas as formas de "distração" em geral, incluindo-as naquilo que a época, retomando a filosofia antiga, chamou de "medicina da alma" ou de "arte de viver". Com uma prosa ensaística extremamente fluente, e profundo conhecimento da matéria tratada, Suzuki recorda que, enquanto Hutcheson, Hume e Adam Smith - tidos como os pais da economia política - foram os primeiros a estipular um cálculo para o valor do trabalho, foram também os primeiros a compreender que o mérito não é a única medida e que há muito de "produtivo" no tempo livre e nas horas vagas. Saber calcular o valor deles não é apenas uma questão de razão e raciocínio, mas envolve humor e sentimento, numa aposta que se tornaria decisiva para a filosofia moderna.Com uma prosa ensaistica fluente e rigorosa erudicao, Marcio Suzuki, professor da Universidade de Sao Paulo, analisa neste livro como a filosofia do seculo XVIII tratou daquilo que os antigos chamaram de arte de viver : as formas como nos relacionamos com as atividades nao produtivas, ludicas, sem utilidade imediata. Nesse mergulho nas ideias prefiguradas por Montaigne e Pascal e desenvolvidas por pensadores britanicos como Francis Hutcheson e Adam Smith - que trataram do valor do trabalho, mas tambem do valor do tempo livre, unindo calculo e sentimento - Suzuki busca iluminar os caminhos que levarao ao pensamento moderno de David Hume e Kant. Como afirma Marilena Chaui, trata-se aqui de uma outra maneira de escrever historia da filosofia .