O vento continua, todavia. Este título, que move vigorosamente algo que em nós se orienta para a beleza, nos coloca diante do trabalho de dez poetas contemporâneos que vivem em Belém. Poetas em e não apenas de, como se poderia esperar numa antologia cujo critério de seleção parece ser inicialmente o local. Esse em não assinala somente a localização, o endereço de alguém em um determinado espaço geográfico, campo ou cidade, assinala também o modo próprio como esse lugar invade esse alguém, como progressivamente captura, chegando até os nomes, o lugar de origem. E, no fim, lançados num hibridismo, na mistura de raízes e galhos, copas de árvores, pássaros e luminosidades, nos deparamos com o que nos sobra: a linguagem e o amor.