A mensagem de Arendt é- não se pode derivar o futuro do presente. Tentar tal feito é sacrificar a liberdade em nome de futuras gerações terem um duvidoso benefício de bem-estar. Sacrificar as gerações presentes por uma suposta liberdade futura é uma manipulação e instrumentalização do presente que só pode levar à privação da liberdade. Conduzir a política desse modo é introduzir no domínio público âmbito específico da ação política as regras da fabricação. Só há uma ação política que ultrapassa a condição mortal dos homens- é a constituição da liberdade por meio de instituições livres e duráveis. A política consistiria nesse agir, entendido como ato recorrente de fundação de um espaço de aparição. A hipótese que sustenta a sólida argumentação de Francisco Xarão é a de que não se pode entender a reconsideração das atividades humanas no âmbito da vita activa, tal como elaborada por Arendt n'A condição humana, sem compreender a importância atribuída por ela ao evento do totalitarismo e, derivado disso, sua crítica à tradição filosófica do pensamento político ocidental . Theresa Calvet de Magalhães Nada mais heuristicamente vigoroso para reconsiderar a ação humana e indicar a atualidade do pensamento arendtiano que partir do vínculo entre liberdade e política, como o faz Francisco Xarão na presente obra . Adriano Correia