Era uma vez uma língua que nasceu no século 10 e floresceu durante mil anos, tornando-se a mameloshn, a língua mãe de milhões de pessoas na Europa. Essas pessoas não tinham seu próprio país e eram frequentemente expulsas de quase todos os lugares onde se estabeleciam nessa mesma Europa. Nas fugas era impossível carregar bens materiais, mas levavam consigo o que possuíam de mais precioso: a crença religiosa, a língua e a cultura. Refiro-me aos judeus, ao judaísmo e ao Yiddish. No final do século 19 a riqueza da literatura, imprensa, teatro, cinema, música, poesia, já haviam consolidado o Yiddish, reconhecido então como uma das principais línguas do leste europeu. Com a ascensão do nazismo, 6 milhões de judeus foram exterminados 75% deles falantes do Yiddish. A língua poderia ter morrido. E quase morreu, mas nos seus mil anos de história sobreviveu a tantas perseguições que não seria diferente no século 20.