Já ouvimos de outras vozes a navegar nos genes da poética deste país o quanto é sempre, sempre mais difícil ancorar um navio no espaço. É preciso se deixar engolir pelo precário. É preciso mover e ser movediça. A fala, essa sobreposição de vozes ocas no sem fim, ancora os navios guiados pela cartografia do entre. Mapeamento de uma tessitura polifônica entre as realidades, entre os imaginários, entre os gêneros, entre as línguas, entre as danças, entre os corpos, entre os versos, entre as estrofes, entre os títulos, entre os poemas. Eles não entendem que toda pele é fronteira, e por isso, há um convite para outrizar-se. Desfazer mundos trilhando caminhos oceânicos: no lodo de dentro, a terra que dá de comer porque tem fome. O desejo prenhe, gesta e aborta: tudo ao mesmo tempo desce até o inferno pra depois subir ao céu, caminha horizontalmente sem saber o fim. É hora de apreciar o balé das incertezas. Você deixa o abismo te olhar nos olhos? Nietzsche em transe. O poema é antes tudo(...)