Este livro revela um novo Thiago Lia Fook. Para quem conheceu o poeta de poesia natimorta e versos sobreviventes (2010), subversos (2016) e logorréia (2017), chegou a hora de puxar um banquinho e ouvir umas histórias. Antigamente era melhor chega atiçando a brasa da prosa, porque é isso o que o autor comete - a boa prosa - dando um presente aos seus leitores de antes e depois. Se poesia é linguagem, o poeta ensinou isso ao prosador. Neste livro, a linguagem pulsa na pesquisa dos falares, nas expressões reeditadas e nos afetos expressos em trejeitos dos personagens, o que nos aproxima tão intensamente do texto que é possível sentir o cheiro do café ou da naftalina e o vento do alpendre soprando no rosto. O retrato é realista - e isso pode promover tanto a identificação quanto a repulsa do leitor. Contador de casos, Lia Fook traz a marca da imigração no sobrenome, mas trata é da Paraíba - seus lugares, sua gente, sua cultura.