Ninguém jamais saberá ao certo quem foi que começou. Talvez algum pobre gênio tenha inventado a filosofia e caído no abismo da história não escrita antes de poder se anunciar à posteridade. Não há nenhuma razão para pensar que tenha existido tal indivíduo, nem para crer que não tenha." A filosofia é um tema de história longa e memória curta. Em O Sonho da Razão - Uma História da Filosofia Ocidental da Grécia ao Renascimento, Anthony Gottlieb reconstitui essa história como deve fazer um jornalista: basear-se somente nas fontes primárias, onde quer que estejam; questionar o saber convencional; e, acima de tudo, explicar as coisas da forma mais clara possível. Em tudo isso e muito mais, ele se saiu brilhantemente. O Sonho da Razão nos mostra que historiar a filosofia significa menos o relato de uma disciplina claramente definida do que o de um espírito vorazmente inquisitivo. Da Grécia antiga ao nascimento da filosofia moderna no século XVII, somos instantaneamente envolvidos pelas personalidades e argumentos dos grandes filósofos. A época moderna será objeto de um segundo volume. Nesta fantástica plêiade de indivíduos movidos pela curiosidade, encontraremos Tales, talvez o primeiro de todos os filósofos, mas com certeza o primeiro de uma longa lista de professores distraídos; Empédocles, que, apesar de se considerar uma moita reencarnada, concebeu uma teoria da matéria que convenceu quase todos de sua própria época, o século IV a.C., até o Renascimento; Anaxágoras, acusado de impiedade e condenado por acreditar que os corpos celestes não eram deuses merecedores de adoração, mas perigosas rochas incandescentes; Diógenes, o cínico que morava num barril; e Epicuro, que não era um bon vivant, mas um filósofo devotado à vida simples.