Ao se encontrarem no Brasil Imperial, a medicina acadêmica e a popular não entraram em rota de colisão. Apesar das tensões e dos distanciamentos entre os dois domínios, havia entre eles vários pontos de intersecção e convivência. Entre os elementos que contribuíram para que as fronteiras não fossem tão rígidas, destacam-se os manuais ou livros de medicina autoinstrutivos, como os de autoria do médico polonês Pedro Luis Napoleão Chernoviz (1812-1881). O papel desses compêndios é analisado pela médica Regina Cotrim, que descortina meandros da medicina no século XIX. “Apresento uma medicina oficial que não se enclausurou nos debates internos da Academia Imperial de Medicina ou nas publicações de médicos para seus pares, e tampouco teria tomado de assalto os lares da sociedade patriarcal, definindo e fiscalizando normas de higiene. Paralelamente, procuro esclarecer que a medicina popular não se restringiria apenas a ervas e benzeduras”, resume a autora.