Penetrou fundo na gente. Tão profundamente que não sobrou resquício do discurso rancoroso do homem na superfície atarantada de nosso espanto. Chegamos a acreditar que se tratasse de ilusão auditiva. Mas não. A vergonha e a dor eram reais. Em razão do incômodo, a ligeira esperança de dúvida foi logo dissipada. Vento nenhum varria o calor da vergonha coletiva. O ar esvazioubà espera de quê, exatamente, não sei. Nossos cachorros pararam de abanar seus rabos amistosos e, de orelhas em pé, olhavam atentos para os donos. Bastava um assobio, unzinho só, para que a vingança se concretizasse