O maltrato da natureza por seu único predador deliberado - o ser humano - atingiu estágio alarmante. Continua o desmatamento impune, a poluição em todos os níveis, o desaparecimento das águas e das espécies, o efeito estufa, as montanhas de lixo produzidas por uma sociedade egoísta e insensível. O falso dilema preservação versus progresso tem estimulado a continuidade e a intensificação dos ataques ao meio ambiente. Em escala crescente surgem os problemas ambientais. Parcela-se qualquer superfície de terreno, sem indagar se é sensato ocupar espaços de preservação permanente, como as reservas florestais ou a região dos mananciais. Destrói-se a flora, sem qualquer reposição. Invoca-se o direito adquirido a destruir a natureza em nome de pretenso ''progresso'', sem lembrar que só há verdadeiro progresso na ordem moral. A falácia de se afirmar que o mundo melhorou é mais uma tentativa de legitimação da insanidade. É evidente que a natureza deteriora, e a Cúpula de Joanesburgo foi a prova de que houve retrocesso até nos princípios assegurados na Eco-92 e questionados em 2002. Não há o que comemorar na política global de preservação de um patrimônio que não foi construído por nenhuma geração, mas que as atuais estão comprometendo aceleradamente. Conseguirá uma ética humana voltada à proteção do ambiente reverter esse prenúncio de catástrofe?