Eu poderia te contar sobre Bartleby, mas prefiro não. Anti-herói dos tempos modernos, o comportamento de Bartleby provoca reações de repulsa e indignação – não por aquilo que faz, mas pelo que se recusa a fazer. Bartleby não gosta de trabalhar: não toma café ou se obriga a ser produtivo. Mas tampouco gosta de sair para se divertir – não bebe cerveja ou puxa assunto com quem quer que seja. Bartleby é, acima de tudo, um homem de aspecto terrivelmente sedado. Publicado em 1853, Bartleby é uma obra breve de repercussão retumbante. Através da melancolia paralisante do protagonista, Herman Melville tece uma densa crítica à desumanização dos modos de produção vigentes. Desconectado de tudo o que é humano, Bartleby tem como única missão na vida copiar mecanicamente e sem erros documentos que servem apenas para multiplicar a riqueza alheia.