O Discurso do método teve o extraordinário destino de ser assumido, em épocas diversas, como símbolo daquilo que as diferentes épocas privilegiavam. Nos séculos XVII e XVIII, os cartesianos fizeram dele o libelo revolucionário de libertação da escolástica. No século XIX, os idealistas viram no cogito a antecipação do ¨eu penso¨ kantiano; os espiritualistas, a afirmação da espiritualidade do homem; ao passo que os positivistas reconheciam na teoria do automatismo animal a premissa teórica do naturalismo. Até que no século XX, ao menos no início, o Discurso foi assumido como o manifesto das idéias claras e distintas e de um método exemplar, e passou a ser considerado o marco inicial da filosofia moderna. Já há no mercado algumas traduções do Discurso. O diferencial desta é que apresenta uma introdução com o intuito de preparar a leitura sobre o método enumerando e clarificando os termos e os problemas filosóficos presentes nele, sem esquecer o contexto histórico, ou seja, a ocasião de oportunidade política que sugeriu a redação a Descartes, e mantendo ao máximo o âmbito filosófico entre as linhas semânticas do léxico textual cartesiano.