O financiamento do ensino superior tem sido tema central do debate político e social, em Portugal e no mundo. Estranhamente, pelo menos entre nós, a investigação científica parece alheada desta problemática. Há excepções dignas de registo, como os trabalhos do Alberto Amaral e do CIPES ou a tese de Belmiro Cabrito, mas é evidente a escassez de estudos nesta área. A ausência de um conhecimento rigoroso tem levado a repetir as mesmas ideias c banalidades, quase sempre falsas ou enganadoras, que em nada contribuem para instaurar uma reflexão séria e informada. Também as políticas públicas se têm ressentido deste facto, com diagnósticos deficientes e uma compreensão empobrecida da realidade. Desenvolvida no âmbito da Economia da Educarão, a tese de Luisa Cerdeira vem alterar significativamente este estado de coisas. Há Três aspectos que merecem destaque e que revelam bem a qualidade do trabalho que agora se publica em livro. Em primeiro lugar, a pertinência e a coragem na escolha do tema, Num momento histórico "quente" não é fácil produzir estudos científicos que se devem reger por regras próprias e que não se podem deixar contaminar por outros níveis de análise ou de discurso. Luísa Cerdeira está bem consciente deste perigo, o que não a impede de produzir uma tese que ilustra de forma brilhante a importância da ciência para a sociedade e para a política. O impacto público da sua investigação, nos meios académicos e na comunicação social, é a recompensa merecida de uma opção ousada, que concebe o trabalho científico como um elemento fundamental de suporte às políticas públicas. Em segundo lugar, a dimensão internacional da tese. No campo da educação, e das ciências sociais em geral, os estudos comparados, reco- nhecidamente necessários, são sempre de difícil concretização. A inserção de Luísa Cerdeira no International Comparative Higher Education Finance and Accessibility Project (State University of New York at Butïalo) e a co-orientação[...]