Na primavera de 1975, Michel Foucault estava prestes a reivindicar o título de o último grande intelectual francês do século XX. Ele estava para publicar o primeiro volume de História da sexualidade, a obra que lhe garantiria o título. No entanto, farto da cultura conformista e enclausurada da França da época, mais uma vez buscaria refúgio em outro lugar, mantendo um padrão em sua vida adulta que o levara à Suécia, à Polônia e depois à Tunísia, onde morou durante os acontecimentos de Maio de 68. Ficou tão impressionado com o clima de libertação da cidade de São Francisco que chegou a pensar em emigrar e tornar-se um californiano. Muito leva a crer que Foucault se apaixonou pela Califórnia. Foi lá que o austero pensador anti-humanista dos anos 1960, que havia proclamado a morte do homem, em franca hostilidade à filosofia da liberdade de Jean-Paul Sartre, experimentaria, na última década de sua vida, novas formas de se relacionar com as pessoas e se reinventaria nos clubes (...)