Língua de contato, feita do encontro, um pidgin nasce do desejo de comunicação, do amálgama entre o que não está nem cá nem lá (e que está cá e lá, soando junto). Ao lermos este Pidgin, de Gabriela Cordaro, misturamos nossas vozes a poemas que se apresentam ora como falas curtas, de grande força gravitacional, que nos convidam à decifração; ora como as reflexões de uma mulher olhando o mundo, o tempo e a si própria se metamorfoseando e acumulando idiomas diferentes: a menina, a amante, a mãe, a filha. A mãe novamente, a poeta. As imagens do livro navegam entre formas que não se acomodam em sítios específicos, nem em conformações estanques: uma mosca volante, pequena e quase imperceptível pode nos conduzir, por exemplo, a uma mulher com sua filha, se transformando em uma gigante azulada que amamenta. Assim, os poemas não caminham necessariamente em linhas, mas nos pegam, inadvertidamente, em curvas ou em uma cicatriz: (...) olhei para a marca dos meus partos / e pensei, insegura (...)