Escrito entre 30 de agosto e 13 de setembro de 1992, o diário configura um caleidoscópio de eventos e situações vividas pelo autor em uma China pós-revolucionária, que sob o comando de Deng vive os desafios e as contradições próprias a todo momento, posterior aos grandes sonhos por uma sociedade mais justa e igualitária. Morin vive intensamente uma verdadeira maratona que requer dele a jovialidade que nunca lhe falta, até mesmo nos momentos de excessos gastronômicos. O Diário da China traz à tona a necessidade de uma escritura que desvele, pelo menos em parte, os contextos, as situações, os acasos e as incertezas vividas pelo sujeito do conhecimento. Essa atitude intelectual equivale a dessacralizar a ciência, a torná-la mais próxima dos comuns mortais. Permite conhecer as condições emocionais, políticas e circunstanciais que arquitetam o solo vivo e existencial que nutre e dá vida às idéias, argumentos e compreensões do mundo. Permite, sobretudo, destituir a falácia do poder do saber envolto pelo véu da obscuridade e dos segredos.