"... elas estavam todas com o rosto coberto com o véu. No corpo, a abaya, aquela espécie de túnica negra, cobria-lhes as vestes. Não tinham um rosto. Todas as suas emoções estavam escondidas, toda a esperança sufocada, todos os anseios e desejos estavam guardados dentro de corações marcados por terem nascido mulheres. Os seus nomes não importavam, as suas convicções não eram consideradas, as suas vidas não eram registradas. Se havia algum desejo dentro delas, ninguém sabia. Se amavam, não poderiam expressar, se sonhavam, não tinham com quem compartilhar. Mas caminhavam. Andavam juntas pisando as areias do deserto, o asfalto das ruas, como também andavam entre as vielas estreitas de pequenas aldeias ou ainda no meio da multidão no centro de uma grande cidade. Algumas estavam cansadas, envelhecidas, quase não podiam caminhar mais, outras, ainda jovens, pensavam que a oportunidade viria mudar o seu rumo e tirá-las dali. Mas na verdade era um caminhar em vão. Não havia rumo nem direção. Ao redor delas, outra multidão de pessoas caminhava, iam por todos os lados, mas quase não as viam nem se importavam com elas. Entretanto, entre elas alguém sonhou em alcançar o horizonte...".