Isso não é um testemunho, promete e provoca Alice Vieira, a uma distância calculada em verstas. O acento russo nas medidas de Bugiaria sugere o nada, a noite, como norte. É diferente o aqui, em que o vazio se aviva, onde o trejeito desmedido e quase cômico da poeta se confessa, mas escapa. É aqui a dobra o espelho entre a promessa e o agouro, entre a dança e a timidez. É aqui que a poeta esse corpo de mulher trabalhando profetiza: o amor fará com que a chamem poetisa: será tudo culpa de Antônia? Mas a poeta segue como pode, integrante de um exército de mulheres cansadas. Por vezes, como espantalhos à espreita; em outras, como cães à caça de lebres. Alice Vieira não produz um testemunho, antes oferece a decupagem de um Habitat que ora a abriga, ora a hostiliza e que ela retém com todo esmero, total argúcia e expresso método: Alice Vieira capitula, também, o fracasso. O seu espaço habitado é o seu poema, é o seu corpo: não de poeta, mas de glicínias, que trepa e se multiplica, (...)