A intenção do livro é abordar o tema da violência com um enfoque em alguma medida relacionado com o que se convencionou chamar de história social, fazendo-o a partir de duas perspectivas distintas (dominação e resistência), mas sem incorrer em uma visão maniqueísta, como se tais perspectivas correspon- dessem às únicas opções dos agentes históricos estudados e, consequentemente, às únicas abordagens possíveis. Ao contrário, buscou-se, em todos os textos que compõem esta obra, ter em conta a multiplicidade de posturas e estratégias que as pessoas podem adotar, em contextos ditatoriais, diante dos mecanismos de dominação e das possibilidades de relacionar-se com os mesmos, tanto através das mais diversas formas de resistência quanto por meio de outras opções, como os apoios mais ou menos intensos, o silêncio, a autocensura, as tentativas de encontrar brechas para saídas não conflituosas, as formas de acomodação a realidades adversas, os colaboracionismos cooptados ou voluntários, para só mencionar algumas das alternativas.