Envelhecer não é fácil. São muitas perdas repentinas, (ou não), muitos medos e inseguranças pelo que imaginamos estar por vir. Mas, pensando bem, enquanto adultos incluídos na máquina de produção, perdemos diariamente também, mas vivemos como se nunca fôssemos envelhecer e acumulamos como se tudo fosse absoluto e definitivamente nosso. Dessa maneira, o conceito atual sobre o que é a vida tem cada vez mais investido no sentido de vigor, beleza, consumo e produtividade econômica. Essa lógica naturalmente rotula e exclui o idoso, (e pessoas portadoras de alguma deficiência), como incapaz, dificultando que ele aceite as limitações naturais de quem vive mais. Portanto, viver também não é fácil. A convivência com meus quatro idosos foi uma bênção principalmente porque reconheci em mim preconceitos e pude desaprender sobre tantos outros conceitos que considerava já bem definidos no meu trato com a vida e as pessoas. Assim, a experiência com cada um deles me possibilitou pensar e repensar sobre as relações, vivendo a vida como um belo presente. E como todo presente, é preciso desatar os nós e os laços, para que nos deliciemos com as surpresas a serem encontradas. Desde então, tenho tido a certeza de que não há razões suficientes para não mudar. Finalmente, compartilhando essas experiências, o meu desejo é de que outras pessoas se certifiquem de não estarem sozinhas em suas angústias no trato ou no cuidado responsável com os seus familiares na estação envelhecer.