Nesse ir e vir fervente de personagens, somos orquestradamente levados a ambíguos e confusos sentimentos ora por meio do humor do romancista ora pela ação dos próprios personagens que atravessam páginas como quem transpõe portas em direção a imponderáveis desvios de rota. [...] este novo romance de Eliezer Moreira [...] evoca principalmente Machado de Assis e, de modo menos evidente, o também carioquíssimo Joaquim Manuel de Macedo [...] E é igualmente carioca como certos romances de Marques Rebelo, Antonio Callado ou Rubem Fonseca, situados num Rio de muitas academias e malandragens afins. [...] Assim,[...] Eliezer Moreira dá velocidades de correio eletrônico a uma narrativa aberta e detetivesca. E isso sem perder a densidade e a envergadura que fazem do romancista o que ele de fato é – um demônio de imaginação, um demiurgo que erige fábula e alegoria em meio a tumultos de amor e dúvidas intestinas. [Por André Seffrin]