Sem este extraordinário cineasta, redescoberto pela Coleção Aplauso, vivendo em Minas Gerais ensinando arte e música para crianças carentes, os textos de Plínio Marcos como Dois Perdidos Numa Noite Suja e Navalha na Carne e o clássico de Nelson Rodrigues Bonitinha, mas Ordinária, não teriam atingido o grande público. Filho de imigrante libanês, Braz Chediak lembra os tempos difíceis de criança quando o pai trabalhava na Rede Mineira de Viação "que pagava pouco a seus funcionários e, pior ainda, atrasava os salários, às vezes, durante meses." Seus trabalhos como ator mostraram que o diretor de cinema "precisa ter esta sensibilidade de escolher o ator certo para o personagem certo." Numa época de maniqueísmo cinematográfico entre o Cinema Novo e o Cinema "comercial", Braz Chediak sentia-se como o marisco entre o mar e o rochedo, acusado por uns de "intelectual" e por outros de "comercial". Nos seus filmes que abordaram a temática social, ele conta como conviveu com a censura e com o medo produzidos pela ditadura militar.