Quem é Jesus? Um profeta entre tantos outros? Muitos o pensam. Um sábio a mais na linha de Buda ou de Maomé? Alguns param aí. Recentemente tende-se a torná-lo um libertador político-social; uma decocção explosiva de Marx, Lênin, Mao-Tsé Tung. Afinal, não é um pensador tão sério pouco suspeito como Karl Jaspers que vê em Jesus o homem mais revolucionário? Sobre ele, portanto, que marcou mais de vinte séculos de civilização, opiniões e interrogações cruzam-se, convergem ou divergem, mas sempre se renovam. A figura histórica do mestre galileu aparece nas fontes cristãs sensivelmente retocado pela interpretação teológica. Por força da mesma tendência, a literatura cristã através dos séculos não encontrou outro tipo de abordagem possível, que se distanciasse das intenções apologéticas e querigmáticas reveladas nas páginas do Novo Testamento. A própria filiação de Jesus à tradição judaica, conquanto evidente, não pode, segundo os intérpretes cristãos, ser vista unilateralmente, de vez que ele de fato assumiu não uma determinada linha do judaísmo, e sim, ecleticamente, diversas tradições judaicas, desenvolvendo-se harmonicamente em sua pregação.