Os autores desta coletânea propõe banalizar a condição diferencial e o estatuto particular de fenômenos sociais vinculados a processos violentos. No entanto, certo é que a novidade das reflexões ora apresentadas fundaram-se sobre dois alicerces inauditos na sua conjugação: a possibilidade de ver alguma coisa já inacessível no tempo e a possibilidade de ver alguma coisa inacessível na história. Chegamos em um tempo que permite pensar os genocídios (todos) como crimes impossíveis de serem punidos. São tantas as formas de eliminação, tanto as individuais como as coletivas, que se torna impossível denunciá-las e consequentemente puni-las. Como refere Baudrillard "porque o crime só é perfeito quando as próprias marcas da destruição do Outro desaparecem". Quando a ampliação da eliminação aumenta a ponto de não haver possibilidade de controle as marcas não apenas desaparecem, elas se confundem impedindo que haja a sua identificação. A liquidação do Outro é duplicada por uma síntese artificial da alteridade, cirurgia estética radical, de que a do rosto e do corpo não é senão sintoma.