Da alma de uma mulher só saem palavras de amor. É o que dizem. Se não é amor, é silêncio. O tempo escondeu a voz das mulheres em um mundo que não as aprecia. O vento abafou todos as frases que elas tentaram dizer. Tudo parecia em vão. Na hora de escrever falavam a mesma coisa, tudo que vem da caneta da mulher é amor. E a tinta borrava o que não fosse isso. O papel tremia se as palavras viessem com mais força. Mas os dias passaram e com ele as paredes começaram a cair, não resistem a passagem dos séculos. E a voz feminina, antes temerosa e aflita, ganha um novo som: a resistência que vem do coração, palavras duras se desenham nos cadernos, frases reais se desenham no papel com a tinta. Tudo o que foi calado começa a ser escrito. É muita dor. Sim, muita. A dor de séculos de silêncio. As palavras que saem agora não são doces nem amáveis, são flechas carregadas de dor, indignação e revolta. E a necessidade de ser escutada. [...]