A proposta pretende ser uma alternativa às abordagens esquemáticas que predominam na historiografia sobre a primeira fase da República Brasileira, assumindo um caráter claramente revisionista. Não há na História do Brasil nada mais velho que a República Velha. É mais velha que a monarquia e mais arcaica que a colônia. Por ser um período de transição entre um regime monárquico e uma república de massas, acabou por ser tratada como uma antessala, um período intermediário entre o antigo e o moderno, entre o rural e o urbano, entre o agrário e o industrial, entre o escravista e o assalariado, entre o oligárquico e o democrático, enfim, entre o antigo e o novo. Ao buscarmos compreender a complexidade do período, afastando-nos de anacronismos, ele se apresenta pleno de ambiguidades e contradições, de conflitos e conciliações e eivado de especificidades interessantes. Propõe-se, igualmente, articular duas das visões: aquela que vê o federalismo a partir do predomínio da lógica de interesses dos estados-atores com a História Intelectual do Político. O leitor perceberá que os capítulos levam em conta os dois paradigmas de análise, em uma tentativa de perceber os discursos políticos, sejam eles orais ou escritos, como práticas, as quais obedecem a interesses forjados pelo modelo de federalismo oligárquico que foi implantado. Ao se optar por tal abordagem, buscou-se não incorrer em sua limitação principal, qual seja, a de regionalizar os estudos e perder a perspectiva nacional. Portanto, a análise é voltada para o federalismo nacional, em uma tentativa de desvendar a sua lógica de criação e funcionamento.