Como elaborar um ponto de vista para estudar a poesia de Mário de Andrade que tentasse incorporar algo de como a própria obra buscou se configurar para a posteridade? Esse foi o desafio que este livro de Leandro Pasini se colocou. Ele se orientou em primeiro lugar pelas questões mais recorrentes da obra poética de Mário de Andrade: a formalização literária do Brasil e as inquietações quanto ao eu. Localizados os temas centrais, era ainda preciso circunscrevê-los de modo a explorar as suas várias potencialidades. A providência inicial foi deslocar essas questões e dispô-las como prismas em contato com temas mais específicos, como a natureza da subjetividade moderna no Brasil, o amor, a religião, o engajamento. Entretanto, ainda faltava um modo de organizar problemas tão agudos, para que eles pudessem refletir uns sobre os outros. O achado foi aderir à perspectiva que a própria obra estudada configurava em seu momento terminal, ou seja, depurar criticamente o ponto de vista de Mário de Andrade em "O movimento modernista" (1942), O banquete (1943-1945) e "A meditação sobre o Tietê" (1945).