À diferença do que julga boa parte da opinião pública, os povos indígenas do Brasil não vivem apenas na Amazônia e no Brasil Central. Em lugares de acesso remoto nos quais a sociedade nacional ainda se expandia durante o século XX. Habitam também antigas áreas de colonização do país, como o Nordeste, o Sudeste e o Sul do país, e não só inspiram estudos e análises antropológicos, como têm sido importantes atores políticos no estabelecimento de políticas públicas. Os oito textos aqui reunidos valorizam a dimensão etnográfica e resultam de pesquisas desenvolvidas por antropólogos nos últimos dez anos sobre o fenômeno do ressurgimento de identidades étnicas indígenas em uma das mais antigas regiões de colonização do país, o Nordeste. Sua principal contribuição é chamas a atenção para a importância de uma linha de investigação da antropologia brasileira que analisa a inter-relação entre modalidades de existência de tradições culturais e formas de territorialização, à luz dos jogos identitários, dos usos da memória e das estratégias políticas que expressam faces articuladas dessa relação.