A jornalista Celia Ribeiro, bisnesta de Fernando Gomes, já havia buscado suas raízes familiares para relançar o livro de sua avó Receitas de Yayá Ribeiro. Foi justamente numa caixa deixada por Yayá que Celia encontrou uma série de documentos e fotografias que a fizeram embarcar em uma viagem de volta à Porto Alegre do século XIX, na qual Fernando Gomes viveu e dirigiu uma instituição educacional de grande prestígio. Nas palavras de Flávio Loureiro Chaves, Celia Ribeiro, para além de uma mera biografia familiar, escreveu "um ensaio, que mantém em confronto o homem e seu tempo". Isso porque o livrodestrincha a vida familiar nos fins do século XIX, a sociedade que ainda obedecia ao rígido protocolo das convenções imperiais, o sistema pedagógico onde começam a soprar os novos ventos do cientificismo e também a herança escravocrata, que pouco depois seria varrida pela vitória da causa abolicionista. Em seu relato, Celia Ribeiro optou por intercalar no texto materiais iconográficos até aqui inéditos, noticiários e chamadas publicitárias da imprensa no período examinado e trechos de correspondências. Por meio das cartas é possível observar o respeito e o afeto que o mestre despertou nos seus alunos, numa época em que o ensino em Porto Alegre era muito aquém do praticado no Rio de Janeiro, por exemplo. Fernando Gomes - entusiasta seguidor do positivismo de Augusto Comte -, além de abrir o caminho para o conhecimento, se esforçou por proporcionar aos seus alunos uma formação ética e humanística. Pelas salas de aula do ilustre professor, aproximadamente de 1857 a 1886, entre centenas de alunos, passaram muitos homens que contribuíram para o desenvolvimento político e cultural do Rio Grande do Sul no final do século, como Borges de Medeiros, J.F. de Assis Brasil, Júlio de Castilhos, Landell de Moura e Protásio Alves.