Numa narrativa em que o real é a todo momento contaminado pela alucinação lisérgica e pela fantasia erótica, o visionário Crash, escrito em 1973, impressiona e perturba por sua capacidade de apreender, sob a forma de pesadelo literário, a inNarrado em primeira pessoa por um roteirista de cinema e publicidade, o livro mistura um minucioso realismo à mais ousada fantasia ao retratar uma espécie de irmandade de indivíduos doentios, obcecados pelas possibilidades eróticas dos desastres de automóvel. O líder do grupo, Robert Vaughan, passa seus dias nas vias expressas da região do aeroporto de Londres, procurando acidentes sangrentos - que ele fotografa em todos os detalhes escabrosos. Depois, com prostitutas colhidas à beira da estrada, busca reproduzir, em bizarros atos sexuais no interior do carro, as posições das vítimas lesionadas. A história é conduzida como uma descoberta desse mundo em que o erótico, o mecânico e o macabro parecem se fundir, numa realidade insana em que trafegamos todos os dias.