Este livro discute as consequências do turismo para os territórios, lidas pelas suas paisagens. Pesquisando dois núcleos coloniais mineiros situados no antigo Caminho dos Diamantes das Estradas Reais, encontrou-se evidências de que o novo, ao ajustar-se ao existente, faz aflorar aquilo que ao longo dos tempos foi dando forma e sentido às suas paisagens e que nelas permaneceram presentes. A construção das paisagens turísticas, ao tomar os objetos e ações pré-existentes que interessam aos turistas, dá-lhes novos arranjos, introduzindo elementos estranhos à localidade. Os conflitos decorrentes desta superposição, das novidades sobre o antigo, do embate entre verticalidades e horizontalidades, somam-se aos conflitos antigos que ali permaneceram presentes, fazendo reviver muitos deles. Dependendo do tipo de turismo que se implanta nos lugares, pode haver supressão de direitos, principalmente quando se destina o melhor dos espaços coletivos aos turistas, ou quando se faz uma ordenação excessiva deles, levando a vida cotidiana para o interior dos espaços privados. Essa supressão dar-se-á com mais força onde isto já acontecia no passado. Por outro lado, determinado tipo de turismo mais qualificado pode encorajar novas formas de superação de injustiças, de reestruturação econômica e de resolução de conflitos, principalmente quando incidir em lugares com tradição de participação dos atores locais no trabalho coletivo de construção social. Em síntese, os resultados apresentados nesta obra mostram que o turismo, ao tentar retomar ocupações e traçados do passado pode retomar, simultaneamente, (in)capacidades e conflitos presentes desde sempre nos lugares.