Por volta de 1975, durante alguns meses, a cada 15 dias, Barbara Cassin, então uma jovem filósofa e filóloga, frequenta o consultório de Jacques Lacan, em Paris, para lhe falar, a seu convite, sobre doxografia. Esses encontros marcarão a autora, que a eles retornará em vários artigos escritos sobre as relações entre sofística e psicanálise. Mas é somente algumas décadas depois que ela publicará Jacques, o sofista, um longo estudo em que se debruça finalmente de forma extensa e aprofundada sobre a figura do psicanalista francês e suas relações com a filosofia grega em geral, e a sofística em particular. Neste livro, Barbara Cassin procura mostrar como a psicanálise lacaniana retoma uma série de posições sofísticas quanto à linguagem e à filosofia, seja no que diz respeito ao caráter farmacológico do discurso, seja no que diz respeito à questão do sentido e do não-sentido, seja no que diz respeito às relações entre linguagem e gozo.